Por: Marina Cabral A criação do acervo com as composições de Chico Science, 25 anos após sua morte, foi um grande presente para os fãs do artista e da Nação Zumbi. A família de Chico organizou diversos cadernos que continham anotações com pensamentos e composições do artista e contratou uma equipe especializada em museologia para tratar do material e garantir uma boa conservação.
Os fãs de Chico Science ficaram muito entusiasmados com a novidade do acervo. Sara Corrêa, de Florianópolis, conta que conheceu a banda Nação Zumbi através de um CD e descreve ter sido amor à primeira vista. Na época, ela procurou saber mais sobre a história da banda e conheceu o trabalho de Chico, mas infelizmente ele já havia partido e lamenta não ter tido a oportunidade de assistir um show ao vivo. Sara possui uma página no instagram dedicada a música brasileira e utiliza desse espaço para enaltecer cantores incríveis, como Chico.
“A revolução em forma de música que Chico propunha, com letras fortes, metáforas muito inteligentes e sagazes, a intensidade das batidas e ritmos que ele misturava como ninguém. Quando ouço Chico me sinto abraçada e energizada, me arrepia. Esse modo de enxergar o mundo e valorizar suas raízes, impulsionando a nossa musicalidade, é o que me fez virar fã.”
Sara diz que achou sensacional a criação do acervo e agradece a família de Chico por ter disponibilizado gratuitamente para os fãs. “São cadernos com trechos que reforçam sua criatividade e paixão pelo que fazia. E claro, deixou o coração mais apertado por saber o caminho brilhante que ele estaria trilhando até hoje.” Sara ressalta que a obra de Chico é uma aula de história brasileira, principalmente a nordestina e acredita que lembrar da sua existência é resistir e inspirar a todos que já conhecem a sua arte, e principalmente, as gerações que estão por vir.
Assim como Sara, Victor Farias, de Montes Claros, também conheceu Chico Science através da banda Nação Zumbi quando ainda estava na adolescência, por volta dos anos 2000. Victor ouviu a primeira música e depois disso se apaixonou por toda a discografia do grupo. “Como sou uma pessoa muito envolvida com a rua, e a própria dinâmica da cidade, me identifico muito com o que o Chico escreveu em suas canções, pois é notável em todo momento esse olhar urbano de quem está inserido em uma grande cidade, mas ao mesmo tempo, consegue ver a beleza tanto na simplicidade, na própria miséria ou no caos existente.”
Sobre a novidade do acervo, Victor demonstrou muito entusiasmo, já que é formado em História e se interessa pela preservação de qualquer patrimônio, principalmente quando se trata de um artista que co-criou todo um movimento e infelizmente nos deixou muito cedo. ”Foi uma grata surpresa quando foi anunciado toda a existência desses diários e a sua salvaguarda.”
Victor salienta a importância de perpetuar a memória de um artista tão inventivo e musicalmente único, que ainda tinha muito a oferecer ao mundo. “Ter um acervo dessa grandeza vai fazer com que novas gerações sempre se interessem pelo malungo, o movimento manguebeat e o que Chico Science construiu. Sua música segue "mandando brasa" no universo.”
Outro fã que se empolgou com o acervo foi Augusto Mendonça, de Recife. Ele conheceu o trabalho de Chico Science quando ainda era jovem, na época em que ele era vivo e suas músicas tocavam nas rádios e festas que frequentava. “As músicas dele me tocam pela criatividade dos versos, sua ousadia, a presença de elementos regionais, e principalmente, a riqueza da cultura.”
Augusto achou a iniciativa de criação do acervo muito importante, como uma forma de homenagear um artista tão especial como Chico e manter vivo o seu legado que estará para sempre marcado na história da música brasileira.
Com esses relatos, vemos a importância do acervo para a manutenção da memória e exposição de composições que infelizmente não puderam ser concretizadas em vida, mas que mostram a genialidade de Chico Science.
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